quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Carta Aberta aos Cozinheiros de Amanhã


Nestes tempos em que a sociedade está em constante evolução, nossa profissão deve responder de forma ativa a novos desafios.
A partir da diversidade existente no ofício culinário, com suas múltiplas expressões e formas de fazer, os cozinheiros estão unidos na paixão pela cozinha e entrega a um trabalho que é um meio de vida.
Entendemos a cozinha como um mundo de oportunidades, que nos permite expressarmo-nos livremente e transformar em realidade nossas inquietudes e aspirações.
Consideramos a cozinha algo mais que a resposta humana à necessidade de alimento. Para nós, é mais uma busca da felicidade, uma poderosa ferramenta de transformação que pode mudar a forma de o mundo se alimentar graças ao trabalho conjunto de cozinheiros, produtores e comensais.
Sonhamos com um futuro em que o cozinheiro e a cozinheira se comprometam, consciente e responsavelmente, com a contribuição para uma sociedade mais justa, solidária e sustentável.
Como membros do Conselho Assessor Internacional do Baque Culinary Center seguimos sonhando e refletindo, a partir de nossa experiência diversificada, sobre os futuros desafios de nossa profissão. Esperamos que tais reflexões sirvam de referência e inspiração aos jovens que serão os cozinheiros de amanhã.
A vocês é dirigida esta ‘Carta Aberta aos Cozinheiros de Amanhã’, que divulgamos em Lima no dia 10 de setembro de 2011.
Com relação à natureza
‘O trabalho de vocês depende dos frutos da natureza. Assim, vocês são responsáveis por defendê-la, usando sua cozinha e sua voz como instrumento de recuperação e promoção de determinadas variedades e espécies’, assinala o primeiro ponto. Com esse alinhamento, espera-se que os novos cozinheiros promovam e pratiquem, com a terra e a cozinha, um sistema de produção sustentável.
Com relação à sociedade
‘Vocês são um produto da cultura, e através dele, herdeiros de um legado de sabores, costumes gastronômicos e técnicas de cozinha.’ Este segundo ponto estimula o cozinheiro a não ser um ator passivo, mas que por meio de sua cozinha, sua ética e seus conceitos estéticos contribua para a cultura e identidade de um povo. Que se comprometa também com o desenvolvimento econômico de sua sociedade e dos produtores, criando uma cadeia produtiva que também beneficie a comunidade.
Com relação ao saber
‘Vocês têm a oportunidade de gerar novos conhecimento, seja desenvolvendo novas receitas, seja participando de projetos de pesquisa profunda. E, assim como se beneficiaram das lições de outros, têm a responsabilidade de compartilhar o que aprenderam’, assinala o terceiro ponto.
Com relação aos valores
‘Vivemos num tempo em que a cozinha pode ser uma bela forma de autorrealização. A cozinha é hoje um campo de evolução constante no qual intervêm disciplinas múltiplas. Por isso, é importante que vocês encarem suas inquietudes, sentimentos e sonhos com autenticidade, humildade e, sobretudo, paixão.

Assinada por Ferran Adriá, René Redzepi, Alex Atala, Massimo Bottura, Gastón Acurio, Dan Barber, Michel Bras, Heston Blumenthal (que não foi a Lima) e Yukio Hattori, o documento tem quatro temas centrais: a relação com a natureza e a sociedade, a gastronomia como geradora de conhecimento e os valores inerentes ao trabalho do chef.

Fonte: www.estadao.com.br

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