Como forma de contribuir com a conscientização da comunidade a respeito da importância do consumo consciente de alimentos, nossos alunos egressos Giulio Cesare Tartare, Ismael Lino, Luis Fernando Rocha Coutinho e Robson Croll, desenvolveram, em 2007, o projeto Sabor de Sobra, que ainda hoje é realizado na Univille.
Vale a pena conferir um trecho do projeto e refletir sobre nossa responsabilidade social e ecologica.
Oficinas ecogastronomicas Sabor de Sobra
A estruturação e funcionamento da sociedade atual têm determinado um ritmo acelerado e uma cultura consumista ao nosso cotidiano, implicando na deterioração da qualidade da alimentação, da saúde, das relações familiares e das tradições culturais das populações em geral. A presente proposta constitui uma intervenção educativa sugerida por acadêmicos do CST em Gastronomia da Univille, estimuladora do senso coletivo e individual para uma melhor consciência alimentar e nutricional aliando diversos preparos gastronômicos que quando praticados contribuirão para a redução e até mesmo a eliminação do desperdício de matérias primas e ainda conduzirão à promoção de uma alimentação saudável, e segura, através do máximo aproveitamento dos nutrientes contidos nos alimentos, em uso nas várias disciplinas do módulo de cozinha internacional, que em geral são descartados e ou desperdiçados na cozinha pedagógica do CST em Gastronomia. O projeto visa, sobretudo, contribuir para a sensibilização dos participantes frente à diminuição de resíduos sólidos, ampliarem a percepção de que saúde pessoal se relaciona com alimentação e meio ambiente, e estimula o interesse para a adoção de práticas alimentares alternativas e criativas, fundamentada no preparo de cardápios inovadores e consumo consciente.
Relatório elaborado em 2003 pela Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que 815 milhões sentem fome no mundo.
A cada 7 segundos uma criança morre de fome em algum lugar do planeta, afirmou o mesmo estudo mundial sobre o estado da insegurança alimentar no Mundo.
Em 2007 o número estimado era de 850 milhões e recentemente foi noticiado que esse número aumentou ainda mais, passando para cerca de 925 milhões de famintos, devido à crise de abastecimento e alta nos preços a nível global.
De acordo com a FAO (Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação) a produção de comida no planeta é suficiente para alimentar 12 bilhões de seres humanos, o dobro da população do mundo.
A cada ano, o Brasil joga fora R$ 12 bilhões de reais com o desperdício de alimentos, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Com isso, oito milhões de famílias ou 30 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas com cestas básicas no valor de um salário mínimo.
Uma família brasileira joga fora, em média, meio quilo de comida boa por dia. No Brasil, ocorrem todos os dias outro desastre, também silencioso: o desperdício. Segundo estimativa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), uma família de classe média joga fora, em média, 182,5 quilos de comida por ano, o suficiente para alimentar uma criança por seis meses. Por Cyrus Afshar, da Folha de São Paulo, 31/05/2008.
Josette Sheeran, que comanda o programa mundial de alimentação da ONU diz: “Talvez metade da fome global seja problema de infra-estrutura e distribuição”. Recentemente, Sheeran ganhou as manchetes globais ao dizer, diante do parlamento inglês, que a crise atual é um “tsunami silencioso”. Uma forma de combatê-lo é melhorar a distribuição. A produção mundial é suficiente para alimentar todos. Só que não chega a todos. Nos EUA a distribuição é ótima, mas o desperdício é um escândalo. Um estudo de 1995 descobriu que os americanos jogam fora 27% da comida disponível da comida para consumo. São números assombrosos. Uma família de quatro pessoas põe 4,7kg de carne e peixe no lixo todo o mês! Se um quarto do desperdício fosse recuperado, daria para alimentar 20 milhões de pessoas num dia! Se Falta comida na Somália onde a insegurança alimentar ameaça dois milhões de pessoas, e sobra comida nos EUA, onde 66% da população está acima do peso, o problema não esta apenas na produção.
Para atenuar o problema da sobra de comida de um lado e da falta dela do outro foram criadas estruturas de redistribuição e combate ao desperdício. Há “bancos de alimentos” vinculados a governos municipais e entidades da sociedade civil. São cerca de 200 instituições do tipo no país.
Um exemplo é o projeto Mesa Brasil, do Sesc, que em janeiro de 2008 arrecadou quase 380 toneladas de alimentos, beneficiando mais de 70 mil pessoas, de 471 instituições.
Tais dados estatísticos incentivaram a pesquisa de alguns estudos e programas pré-existentes e a partir daí, o desafio de propor a adoção de métodos e estratégias aplicadas à cozinha pedagógica do CST em Gastronomia da Univille, espaço didático privilegiado, onde o conhecimento de técnicas e formulações gastronômicas possa e deva propiciar uma solução prática, economicamente viável, bastante diferenciada e eficaz tanto na utilização dos excedentes das aulas realizadas na Cozinha Pedagógica da Univille, quanto na oportunidade de minimizar o impacto social negativo sobre a população sócio – econômica mais vulnerável, além de estabelecer uma ponte entre a universidade, docentes, acadêmicos e comunidade, ideal perseguido e difundido pelo Núcleo de Extensão Universitária, bem como a própria Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia da Univille.
Vale, pois, discorrer um pouco mais sobre o Programa Mesa Brasil SESC, uma rede de solidariedade contra a fome e o desperdício de alimentos que integra empresas, instituições sociais e voluntários na área da segurança alimentar e nutricionais: retira onde sobra, entrega onde falta e educa para o aproveitamento integral dos alimentos.
Criado pelo departamento Nacional do SESC – Serviço Social do Comércio – o Mesa Brasil SESC é destacado pelo Governo federal como uma das ações prioritárias do Programa Fome Zero, que visam diminuir o abismo da desigualdade social do país, aproveitando alimentos e promovendo a cidadania numa perspectiva de inclusão social.
O programa propõe à sociedade formas adequado de enfrentar problemas sociais que exigem a mobilização de todos, contribuindo decisivamente para que parcelas menos favorecidas da população, atendidas por instituições sociais, tenham acesso a uma alimentação adequada todos os dias. Através do Mesa Brasil, o SESC Santa Catarina vem demonstrando que é possível minimizar os efeitos da fome e da desnutrição de uma maneira prática, a custo reduzido e de aplicação imediata.
Dentro deste contexto, a presente proposta se ajusta perfeitamente à demanda social, na qual se encontra inserida a universidade, bem como coincide com a necessidade atual do CST em Gastronomia de redução e em determinadas circunstâncias até a eliminação do descarte e desperdício de insumos alimentares, disponíveis na cozinha pedagógica, a partir da viabilidade do aproveitamento máximo dos mesmos e sua utilização em preparações gastronômicas saudáveis e saborosas, que de outro lado poderá complementar e garantir a segurança alimentar de um público alvo a ser definido mais adiante, quando do detalhamento do presente projeto, em harmonia com a instituição, demais agentes de fomento e potenciais parceiros.